O grande dia
Os primeiros raios de sol invadiram as frestas da janela.
Levantei antes mesmo de despertar totalmente. Havia algo de diferente acontecendo.
A ansiedade que pulsava em mim desorganizava todos os meus sentidos: o grande dia havia finalmente chegado.
Tudo que eu era e desejara ser estava representado ali, na expectativa daquele dia.
Há muito que já havia escolhido a roupa, arrumado a casa, preparado os pormenores.
Todos os detalhes que poderiam ser planejados foram minuciosamente pensados e antecipados de forma a evitar contratempos desnecessários.
Mas para todo o resto eu era apenas mais uma espectadora dos desígnios do destino.
O céu estaria tão azul quanto o havia pintado em meus sonhos? Teriam os anjos se atentado para esta ocasião?
O que no início era apenas emoção transformou-se em apreensão.
A dor foi inevitável e por um instante eu já não era apenas alegria. Força, medo e vontade duelavam.
Fechei os olhos para dar um último grito.
E assim, fez-se o milagre no qual morri uma e renasci duas.
O sol iluminou meu céu outra vez e eu soube que jamais voltaria a ser a mesma pessoa novamente, afinal eu era mãe!