Morte Anunciada
Logo que a notícia veio há 2 anos e 10 meses, achei que a condenação seria imediata.
Seria complicado sobreviver a aquele vírus que continha em si grande poder de destruição e contaminação.
Alguns, souberam se precaver, vacinando-se rapidamente, tomando certos remédios e aderindo a procedimentos e pactos para os quais eu não teria a menor condição de participar por questões pessoais e princípios.
Como um soldado, preferi enfrentar a batalha até o momento que fosse possível.
Mas era apenas uma questão de tempo. Uma morte anunciada e a maldita estava ali a me rondar, espreitando, zombando e tirando proveito do seu poder ao qual não há como lutar.
Por certos momentos, me deixou acreditar que seria possível sobreviver.
Foi um período difícil de tratamento sofrido e caro e quase acreditei que haveria uma chance de sobrevida. Mas era apenas uma manobra, afinal eu ainda tinha contribuições importantes a fazer.
A doença expôs minhas chagas e por muitas vezes me fez sangrar.
Sugou a energia, a alegria, a fé e por vezes, a vontade que ainda tinha de continuar a lutar.
A certa altura, quase desisti, dominada pelo constrangimento e humilhação.
Mas a luz venceu e a perseverança me manteve firme, alheia a maldades que não me pertencem.
Soube me reinventar algumas vezes e por alguma razão, sobrevivi a esse período assistindo a convalescência e morte de outros colegas também contaminados por este terrível vírus.
Todavia, após muita luta o momento havia de chegar e chegou, cumprindo sua missão sem levar em conta absolutamente nada.
Não imaginava mesmo que pudesse ser diferente. Esse vírus letal alimenta-se apenas de sua própria vaidade e da compulsão de destruir, sendo incapaz de enxergar o que não lhe convém.
A hora final é sempre difícil, mas para aqueles que têm fé, existe a certeza do renascimento, que é também de libertação, cura e luz!